O lipedema é uma doença crónica, progressiva e reconhecida pela OMS apenas em 2019. É uma doença ainda muitas vezes confundida com obesidade ou celulite, pelo que encontrar um médico especialista em Lipedema é um passo essencial para um diagnóstico correto e um tratamento eficaz. Contudo, ainda há muita confusão e informação dispersa sobre lipedema.
Com este artigo, queremos que fique esclarecido quanto aos aspetos a considerar antes de marcar a sua consulta quando o problema é o lipedema — desde as competências clínicas do médico até à empatia e abordagem multidisciplinar que a doença exige.
1. Procure um médico com experiência específica em Lipedema
“Acho que tenho lipedema. Que médico devo procurar?”, esta é uma pergunta muito colocada por quem desconfia sofrer de lipedema.
Não existindo uma especialidade exclusiva para o lipedema e várias especialidades que podem ser envolvidas, como a cirurgia vascular ou a cirurgia plástica, é fundamental que o profissional que escolha tenha formação e experiência comprovada nesta doença crónica.
Um médico especialista em lipedema deve saber distinguir esta condição de outras semelhantes, como o linfedema ou a obesidade, algo que requer observação clínica detalhada, bem como compreender a composição corporal e o impacto hormonal nesta doença.
Um médico de medicina geral e familiar, com conhecimento científico, que procure atualizar-se constantemente e que compreenda a importância do equilíbrio hormonal será a melhor opção para uma condição crónica e progressiva de impacto metabólico e hormonal como o lipedema.
Pode ser útil para si procurar um médico que garanta uma abordagem multidisciplinar — fundamental para esta doença —, que se atualiza e realiza formações regulares na área do lipedema (que por ser uma doença recente está em constante atualização) e que recorra a protocolos com reconhecimento internacional para o diagnóstico e para o tratamento.
2. Avalie a abordagem terapêutica
Se o lipedema ainda é uma novidade para si, saiba que o lipedema não tem cura. Enquanto doença crónica há duas principais abordagens: a cirúrgica e a conservadora. A abordagem conservadora deve existir sempre (mesmo como complemento da cirúrgica) e apenas os casos adequados para tal deverão recorrer à abordagem cirúrgica.
A abordagem conservadora é uma abordagem multidisciplinar e que deve ser personalizada e individualizada. Tem como objetivo reduzir os sintomas e os desconfortos e garantir qualidade de vida ao paciente. Assim, deve incluir acompanhamento nutricional, equilíbrio hormonal e metabólico, aconselhamento físico e psicológico, entre outros.
De forma completa, a abordagem conservadora inclui:
- Acompanhamento nutricional e anti-inflamatório;
- Acompanhamento médico para o equilíbrio hormonal e metabólico;
- Endermologia para o estímulo do sistema linfático;
- Uso de meias de compressão;
- Escovagem diária para estímulo do sistema linfático;
- Acompanhamento em saúde vascular, quando necessário;
- Acompanhamento psicológico, quando necessário.
Um médico especialista em lipedema, após a definição do tipo e grau de lipedema, apresentará opções, riscos e benefícios, ajudando na construção de um plano de tratamento personalizado.
3. Escolher um médico empático e que comunique bem consigo
O lipedema afeta não só o corpo, mas também a autoestima e a imagem corporal. Por isso, é importante que o médico tenha empatia e escuta ativa. Mais do que diagnosticar ou prescrever medicação, o médico deve ouvir o paciente.
Fazendo perguntas detalhadas sobre o histórico hormonal e familiar e, sobretudo, aceitando e validando os sintomas e as queixas da paciente. Disponibilidade para esclarecer dúvidas ao longo do processo e flexibilidade em ajustar o plano de tratamento conforme a evolução, é fundamental.
4. Verifique a estrutura de apoio e o acompanhamento
O tratamento do lipedema é permanente. Pode ter fases da vida em que os gatilhos hormonais despoletam mais o lipedema do que noutras em que está mais estabilizado, mas o lipedema nunca desaparecerá.
Por isto, a reeducação e a mudança do estilo de vida é essencial. Um médico que tenha uma equipa multidisciplinar disponível garante um seguimento mais completo e aumenta significativamente a eficácia do tratamento.
Se possível, confirme se a clínica oferece avaliações periódicas da composição corporal, acompanhamento durante o tratamento e o acesso a outras terapêuticas complementares.
Pode ser difícil e confuso por ser uma doença pouco conhecida, mesmo por alguns médicos, mas escolher um médico especialista em lipedema é mesmo muito importante.
Procure experiência comprovada, conhecimento científico atualizado, uma abordagem multidisciplinar, empatia e uma sustentada estrutura de apoio. O diagnóstico precoce e certeiro e o tratamento adequado podem transformar significativamente a forma como vive com o lipedema — devolvendo-lhe conforto, autoestima e qualidade de vida.
Dr.ª Marta Padilha
Médica de Medicina Geral e Familiar com Master em Medicina Anti-envelhecimento e Longevidade e a realizar a primeira pós-graduação do mundo em Lipedema | Cédula Ordem dos Médicos nº44139