GESTÃO DO PESO

O excesso de peso e a obesidade não são apenas uma questão de comer demais e ter uma vida sedentária. Podem ser efectivamente questões hormonais.

Estas questões hormonais, além de provocarem desequilíbrios onde o ganho de peso é acentuado, também têm, por outro lado, uma grande influência na dificuldade de manutenção do peso.

Neste sentido, é necessário fazer uma consulta, ouvir cada paciente e tentar perceber qual ou quais as alterações hormonais que podem estar a interferir no aumento do peso e, muitas vezes, na dificuldade em perdê-lo.

 

Desta forma, poderão existir questões como o hipotiroidismo, resistência à insulina e à leptina, excesso de cortisol, défice de progesterona, testosterona e estrogénio, e ainda défice de melatonina.

HIPOTIROIDISMO

A tiróide é uma glândula localizada no pescoço e é tão importante para a nossa saúde e para a regulação e equilíbrio do nosso metabolismo, que todas as células do nosso corpo têm receptores para as hormonas que lá são produzidas.

hipotiroidismo dá-se quando a tiróide não está a funcionar da forma correta, e se observa uma diminuição da segregação das ditas hormonas. Por razões meramente biológicas, as mulheres são mais susceptíveis ao hipotiroidismo do que os homens e, normalmente, é a partir dos 30 anos de idade que este se manifesta.

No geral, os sintomas do hipotiroidismo podem facilmente conduzir ao diagnóstico de outras doenças, fazendo com que esta passe despercebida.

PRINCIPAIS SINTOMAS ASSOCIADOS:

– Aumento de peso;

– Acordar com cara e olhos inchados;

– Fadiga (principalmente de manhã);

– Tendência depressiva;

– Mãos e pés frios (pouca tolerância ao frio);

– Câimbras e dores articulares;

– Obstipação;

– Ciclos menstruais irregulares;

– Queda de cabelo;

– Unhas quebradiças.

RESISTÊNCIA À
INSULINA E LEPTINA

A insulina é uma hormona segregada no pâncreas que ajuda a reduzir a glicemia (taxa de glicose no sangue), canalizando a glicose (açúcar) para as células, para que seja usada como fonte de energia para o corpo. O consumo excessivo de alimentos processados, bebidas alcoólicas ou adoçadas artificialmente podem fazer com que o organismo desenvolva uma resistência à insulina, podendo levar à diabetes (tipo 2).

 

A leptina é uma hormona que regula o equilíbrio de energia no corpo, inibindo a fome. Mas quando comemos alimentos ricos em açúcar, o excesso de frutose é convertido em gordura que, por sua vez, é depositada principalmente na zona da barriga. Quanto mais essa hormona é segredada em demasia, mais o nosso corpo fica insensível a ela.

PRINCIPAIS SINTOMAS ASSOCIADOS:

– Hiperglicemia (excesso de açúcar no sangue);

– Hipertrigliceridemia (níveis altos de triglicéridos);

– Hipertensão arterial crónica;

– Excesso de gordura na região abdominal.

EXCESSO
DE CORTISOL

O cortisol é a chamada “hormona do stress”. Quanto mais stressados nos sentimos, ou quanto mais stressante é o nosso estilo de vida, mais as nossas glândulas supra-renais produzem esta hormona cujas funções são as de controlar os níveis de açúcar no sangue e a pressão arterial.

Existe assim uma parceria entre a insulina e o cortisol. Quando a produção de cortisol é excessiva (devido ao stress ou a uma alimentação rica em açúcares e hidratos de carbono, por exemplo), o corpo reforça a produção de insulina no pâncreas, numa tentativa de compensar o cortisol.

No entanto existe um limite, que quando é atingindo, a produção de insulina começa a ser insuficiente para fazer frente ao excesso de cortisol.

É aqui que o açúcar começa a ficar acumulado nos tecidos, não sendo libertado para a corrente sanguínea nem utilizado como fonte de energia.

Havendo cortisol a mais e insulina a menos, a gordura fica armazenada no corpo, tendo várias consequências, umas mais visíveis e imediatas do que outras.

PRINCIPAIS SINTOMAS ASSOCIADOS:

–  Irritabilidade excessiva;

–  Dificuldade em controlar o peso;

–  Obesidade;

–  Surgimento de diabetes;

–  Hipertensão arterial;

–  Envelhecimento precoce.

DÉFICE DE
TESTOSTERONA,
ESTROGÉNIO
E PROGESTERONA

A testosterona é considerada uma hormona masculina, mas também é produzida pelas mulheres cuja produção é cerca de menos 10% do que os homens. Esta ajuda a queimar gordura, fortalece os ossos e músculos e aumenta a líbido.

Quando esta dosagem está abaixo do esperado (devido à ansiedade, ao stress emocional e físico, ao consumo de alimentos doces, alcoólicos, com cafeína ou chocolate) há consequências na sua qualidade de vida e no seu bem-estar.

A produção de testosterona abranda a partir dos 30/35 anos (por volta dos 40 anos, nos homens) e, a partir daqui, os cuidados devem ser redobrados e a falta de produção natural deve ser compensada.

O estrógenio é a hormona da vitalidade e da auto-estima. Quando a mulher tem excesso de estrogénio (dominância estrogénica, ou seja défice de progesterona) tem uma acumulação predominante de gordura na região da anca da coxa.

Já a progesterona é a hormona sedativa, tranquilizante e drenante. Por isso, quando está em défice, a mulher apresenta alterações no seu bem estar, como retenção de líquidos, dores menstruais, tensão mamária, entre outros.

Os níveis de testosterona, estrógeno e de progesterona devem ser assim equilibrados para que o organismo funcione correctamente.

PRINCIPAIS SINTOMAS ASSOCIADOS:

– Cabelo mais fino e fraco;

– Aumento da celulite;

– Músculos menos desenvolvidos (mesmo quando o exercício físico é regular);

– Cansaço constante;

– Falta de apetite sexual;

– Perda de massa óssea;

– Aumento de peso/Obesidade;

– Secura das mucosas e pele;

– Diminuição do bem-estar emocional;

– Retenção de líquidos;

– Diminuição da capacidade de concentração;

– Diminuição da qualidade do sono;

– Alteração da memória.

DÉFICE
DE MELATONINA

A melatonina é a “hormona do sono”.

É fundamental para regular o nosso relógio biológico, e consequentemente o sono e diversas outras funções no nosso organismo.

Durante o dia, a claridade faz com que secreção de melatonina seja reduzida, o que permite que nos sintamos despertos. No entanto, à noite, com a baixa de luminosidade, a produção de melatonina aumenta, induzindo o cérebro a sentir sono.

Enquanto dormimos, o nosso corpo liberta hormonas de crescimento que o ajudam a melhorar a composição corporal e a desenvolver a massa muscular magra. Porém, se não dormirmos bem, este processo é interrompido, causando stress e, finalmente, levando ao aumento de peso, induzido pela inflamação.

PRINCIPAIS SINTOMAS ASSOCIADOS:

– Sono de fraca qualidade;

– Aumento de peso;

– Fome excessiva;

– Saciedade difícil;

– Stress;

– Ansiedade.

5 PASSOS PARA EQUILIBRAR O PESO

1.

CONTROLO HORMONAL

Realizará vários exames clínicos que o ajudarão a delinear um programa específico para os seus objetivos pessoais.

2.

GESTÃO DO STRESS E DAS EMOÇÕES

Para que possa manter uma relação saudável com a comida e com o seu corpo, em caso de necessidade, será orientado por especialista ao longo de todo o programa.

3.

EQUILÍBRIO VITAMÍNICO E MINERAL

Haverá um controlo médico no âmbito do perfil fisiológico, metabólico e hormonal.

4.

PRÁTICA DE ACTIVIDADE FÍSICA ADEQUADA E REGULAR

Será prescrito um plano de treino que terá em conta a sua condição física, patologias clínicas, disponibilidade pessoal e estilo de vida.

5.

GESTÃO NUTRICIONAL EQUILIBRADA

Serão adoptadas estratégias alimentares que vão ao encontro da especificidade do seu metabolismo, das suas preferências alimentares e do seu estilo de vida.